sexta-feira, 12 de outubro de 2012

ANO DA FÉ

           Na manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o papa Bento XVI presidiu a missa de abertura do Ano da Fé. Cinquenta anos depois da abertura do Concílio Vaticano II, a praça de São Pedro recebeu milhares de fiéis do mundo todo.

A celebração também recordou que há 50 anos começava o Concílio Vaticano II. “Eu já estava no seminário na época. E hoje eu estava na mesma Praça São Pedro, no Vaticano, com uma multidão, sob um sol de lascar, para a celebrar a data e o início do Ano da Fé”, testemunhou padre Maurício Brandolize, brasileiro que atua em Goiás e que participou da cerimônia.

Bento XVI presidu a Missa com um total de 400 concelebrantes: 80 cardeais, 14 padres conciliares, 8 patriarcas de Igrejas orientais, 191 arcebispos e bispos sinodais e 104 Presidentes de Conferências Episcopais de todo o mundo. Estavam também presentes na Praça São Pedro Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla, e o Primaz da Comunhão Anglicana, Rowan Williams.

O Papa iniciou sua homilia explicando que a celebração desta manhã foi enriquecida com alguns sinais específicos: a procissão inicial, recordando a memorável entrada solene dos padres conciliares na Basílica de São Pedro; a entronização do Evangeliário, cópia do utilizado durante o Concílio; e a entrega, no final da celebração, das sete mensagens finais do Concílio e do Catecismo da Igreja Católica.

Bento XVI disse que o Ano da fé tem uma relação coerente com todo o caminho da Igreja ao longo dos últimos 50 anos: desde o Concílio, passando pelo Magistério do Servo de Deus Paulo VI, que proclamou um “Ano da Fé”, em 1967, até chegar ao o Grande Jubileu do ano 2000, com o qual o Bem-Aventurado João Paulo II propôs novamente a toda a humanidade Jesus Cristo como único Salvador, ontem, hoje e sempre.

Lembrando aquele dia, Bento XVI evocou o Bem-Aventurado João XXIII no Discurso de Abertura do Concílio Vaticano II, quando apresentou sua finalidade principal: “que o depósito sagrado da doutrina cristã fosse guardado e ensinado de forma mais eficaz”. Papa Ratzinger revelou aos presentes o que experimentou: “uma tensão emocionante em relação à tarefa de fazer resplandecer a verdade e a beleza da fé no nosso tempo, sem sacrificá-la frente às exigências do presente, nem mantê-la presa ao passado”.

Para o Papa, o mais importante, especialmente numa ocasião tão significativa como a atual, é reavivar na Igreja “aquela mesma tensão positiva, aquele desejo ardente de anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo, sempre apoiado na base concreta e precisa, que são os documentos do Concílio Vaticano II”.

“A referência aos documentos protege dos extremos tanto de nostalgias anacrônicas como de avanços excessivos, permitindo captar a novidade na continuidade. O Concílio não excogitou nada de novo em matéria de fé, nem quis substituir aquilo que existia antes. Pelo contrário, preocupou-se em fazer com que a mesma fé continue a ser vivida no presente, continue a ser uma fé viva em um mundo em mudança”.

De fato – prosseguiu o Pontífice – “os Padres conciliares quiseram abrir-se com confiança ao diálogo com o mundo moderno justamente porque eles estavam seguros da sua fé, da rocha firme em que se apoiavam. Contudo, nos anos seguintes, muitos acolheram acriticamente a mentalidade dominante, questionando os próprios fundamentos do ‘depositum fidei’ a qual infelizmente já não consideravam como própria diante daquilo que tinham por verdade”.

Portanto, “se a Igreja hoje propõe um novo Ano da Fé e a nova evangelização, não é para prestar honras, mas porque é necessário, mais ainda do que há 50 anos!” – exclamou. “Nas últimas décadas, observamos o avanço de uma “desertificação” espiritual, mas, no entanto, é precisamente a partir da experiência deste vazio que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós homens e mulheres. E no deserto existe, sobretudo, necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o coração à Graça de Deus, que liberta do pessimismo”.

Este, portanto – concluiu Bento XVI – é o modo como podemos representar este ano da Fé: “uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas – como o Senhor exorta aos Apóstolos ao enviá-los em missão – mas sim o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como o Catecismo da Igreja Católica, publicado há 20 anos”.

Por fim, o Papa recordou que no dia 11 de outubro de 1962, celebrava-se a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. “Que a Virgem Maria brilhe sempre qual estrela no caminho da nova evangelização. Que Ela nos ajude a pôr em prática a exortação do Apóstolo Paulo: ‘A palavra de Cristo, em toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros, com toda a sabedoria… Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus. Por meio dele dai graças a Deus Pai’”.
Fonte: CNBB

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

OUTUBRO MÊS MISSIONÁRIO

          Este ano a Igreja no Brasil reflete o tema “Brasil missionário partilha tua fé” em sintonia com os temas do 3º Congresso Missionário Nacional, que aconteceu em Palmas (TO) de 12 a 15 de julho e do 4º Congresso Missionário Americano que também é o 9º Congresso Missionário Latino Americano (CAM 4/Comla 9) que se realizarão em Maracaibo, Venezuela, em 2013, com o tema “América Missionária partilha a tua fé”.
As Pontifícias Obras Missionárias (POM) extraordinariamente realiza a Campanha de 2012 sem seguir a temática da Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) devido aos referidos congressos missionários.
A temática partilha a tua fé tem por objetivo chamar a atenção da Igreja para a importância da universalidade da missão que deve ser pensada para além das fronteiras do ser cristão, sejam elas geográficas ou não, ou seja, a Igreja missionária é aquela que está onde é necessário. Por isso, a Igreja Católica no Brasil e na América Latina convida, através da Campanha Missionária deste ano, toda a comunidade cristã a repensar o seu papel enquanto anunciadora do mandato de Jesus Cristo, “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19-20)”.
Fonte: pom.org.br

Semana Nacional da Vida

           Com o tema “Vida, saúde e dignidade: direito e responsabilidade de todos”, a Igreja no Brasil realiza a Semana Nacional da Vida, nos dias 1 a 7 de outubro, culminando com o Dia do Nascituro, no dia 8. Neste período, as dioceses são convidadas a desenvolver atividades em torno do tema, focando sempre o direito à vida e à preservação da dignidade humana.
A Semana Nacional da Vida foi instituída em 2005 pela 43ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O Dia do Nascituro é um dia em homenagem ao novo ser humano, à criança que ainda vive dentro da barriga da mãe. A data celebra o direito à proteção de sua vida e saúde, à alimentação, ao respeito e a um nascimento sadio. O objetivo é suscitar nas consciências, nas famílias e na sociedade, o reconhecimento do sentido e valor da vida humana em todos os seus momentos.

Fonte: CNBB

COMPROMISSO CIDADÃO

          Às vésperas das eleições municipais é oportuno ecoar o sentido e o alcance da ida às urnas como compromisso cidadão. Trata-se de um dever com determinante importância nos rumos dos municípios no próximo quadriênio. Um tempo que não é longo, mas, se for perdido, por incompetências ou por falta de envergadura moral, contabiliza prejuízos que se desdobram durante décadas.
Não se pode arriscar entregando governos municipais e responsabilidades de vereança a quem carece de competências para fazer avançar cada um dos municípios. A campanha eleitoral foi oportunidade para todos acompanharem as propostas, os programas de governo e os compromissos. Sabe-se, contudo, que o acompanhamento da campanha eleitoral, especialmente pelos meios de comunicação, embora muito importante, não tem a força necessária para o adequado discernimento nas escolhas dos candidatos.
Muitos eleitores estão indecisos, outros já planejam votar em determinado candidato, mas ainda há tempo de confrontar suas escolhas a partir de critérios éticos. Ressalvada a sua importância, o ideário partidário não é suficiente para decidir em quem votar. Na verdade, às vésperas das eleições, cessada a campanha eleitoral, por dispositivo legal e controle das instâncias competentes, é importante deixar ecoar os critérios éticos e morais para balizar escolhas adequadas. Já não é mais, portanto, campanha eleitoral, mas o início daquela etapa em que o eleitor é chamado a recolher-se no mais recôndito de sua consciência.
Nesse exercício, o cidadão deve sopesar critérios éticos e morais, necessidades e competências, além de avaliar, no seu município, o que está em andamento, o que é necessário e urgente, para escolher bons candidatos. O voto secreto, além do respeito à liberdade e autonomia de cada pessoa na sua escolha, é também referência ao confidencial da consciência, que precisa ser iluminada suficientemente para não se escolher por razões frágeis. No horizonte, deve sempre estar a importância do compromisso cidadão, sua repercussão na vida da sociedade e de cada pessoa.
Esse momento tem, portanto, grande importância no fortalecimento da democracia brasileira, e incidência determinante na vida cotidiana. Não se pode entregar a responsabilidade de governar a quem não consegue corresponder às exigências próprias dessa missão. É preciso escolher aqueles que estão verdadeiramente comprometidos com a tarefa de construir uma sociedade mais justa. O executivo municipal tem que ser caracterizado pela rapidez nos encaminhamentos e respostas e não por discursos repetitivos, retóricos e estéreis. Deve buscar, criativamente, o uso de recursos, parcerias e projetos que debelem atrasos históricos na solução de questões habitacionais, educacionais, saúde, transportes e outras. Também não se pode arriscar na formação de uma câmara municipal que burocratiza, emperra processos ou funcione na estreiteza das dinâmicas cartoriais.
Mais importante do que o partidário é considerar a força da ética e da moral no processo eletivo.  É indispensável avaliar a condição moral de cada candidato. Não é por simples moralismo. Ora, sem autoridade moral a competência pode resvalar em direções contrárias ao bem comum. A autoridade a ser exercida num cargo político também não pode ancorar-se apenas na competência técnica. Mais importante é deixar-se guiar pela ordenação moral.  Uma ordem que é sustentadora e tem a força para promover o desenvolvimento de competências técnicas e fidelidades partidárias.
A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em nota, sublinha que “o político deve cumprir seu mandato, no Executivo ou no Legislativo, para todos, independentemente das opções ideológicas e partidárias.” Incentiva, também, “a sociedade organizada e cada eleitor em particular, passadas as eleições, a acompanharem a gestão dos eleitos, mantendo o controle social sobre seus mandatos e cobrando deles o cumprimento das propostas apresentadas durante a campanha. Quanto mais se intensifica a participação popular na gestão pública, tanto mais se assegura a construção de uma sociedade democrática.” As eleições são uma festa da democracia. Que esta festa seja vivida com a mais lúcida consciência deste compromisso cidadão, construindo um tempo mais promissor nas cidades.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo - Arcebispo de Belo Horizonte 
Fonte: CNBB

ELEIÇÕES MUNICIPAIS

              A sociedade é constituída em família, tendo como célula mãe, o Lar doméstico. Na base estão o homem e a mulher, sendo um, extensão do outro, vivendo numa real complementariedade. Já não são dois, mas uma só carne. A solidez de tudo isto acontece no amor, que exige sacrifício, diálogo, respeito mútuo, igualdade e paz.
Dentro do clima eleitoral, podemos dizer que o Município é uma grande família, onde os interesses precisam ser comuns, de tal forma que a administração pública favoreça o bem de todas as pessoas. Os objetivos não podem ser outros que não sejam para favorecer os munícipes na dimensão de uma verdadeira família.
Cada pessoa humana, criada com liberdade e dignidade, deve ser colaboradora de Deus no cultivo do bem e no cuidado com os bens da natureza. Isto passa por momentos de definição. Um deles acontece na hora do voto. Confirmar, na urna eletrônica, um voto irresponsável, é contribuir para uma má administração.
A dimensão familiar não se restringe ao relacionamento entro um homem e uma mulher, mas também às demais criaturas e com toda a natureza. É um compromisso de cuidado com os seres humanos, com a terra, a água, as árvores, os animais e todas as demais criaturas. O critério não pode ser de interesses egoístas.
O Município, sendo uma grande família, deve promover projetos de inclusão social. Assim todos poderão usufruir das condições materiais e afetivas para uma vida feliz. Exige dos eleitores precisão na escolha de prefeito e vereadores comprometidos, competentes e de vida ilibada para trabalhar em benefício do povo.
Podemos até dizer que agora “é a hora da verdade”. Ou assumimos uma postura crítica e afinada com uma verdadeira política, aquela do bem comum e da coerência, ou teremos que “gemer”, tendo que conviver com maus administradores e legisladores por mais quatro anos. E nem podemos reclamar depois, porque aí já será tarde demais. É por isto que dizemos que “voto não tem preço, mas tem consequência” e, às vezes, muito amargas.

Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
Fonte: CNBB